Nos últimos tempos a temática do corpo, em especial da mulher, tem surgido com diferentes perspectivas à minha volta, muito mais frequentemente, e ainda bem. Se toda a minha vida fui habituada a ser julgada, e acabar por julgar o outro pelas suas formas, peso ou aparência, cada vez mais, sinto-me livre, internamente, desses rótulos. No entanto, acho que o mundo exterior está num caminho mais lento neste sentido, mas que já está a ser percorrido (melhor que nada!)
Apesar de ser sempre um tópico pouco linear e muito sensível é necessário que se fale, pois quando se fala abertamente de um tema, abre-se espaço à discussão e partilha de ideias, e as palavras ganham o poder de conseguir expandir mentes.
Quando uma mulher olha para a capa da Helena Coelho na revista Women’s Health, existem genericamente, dois tipos:
As que se amam e desejam mais amor próprio para todas nós, e por isso olham com orgulho e admiração, para uma mulher inspiradora que atingiu um objetivo, para o qual lutou e trabalhou muito.
E as que não estão assim tão bem resolvidas, que escrevem comentários maldosos, desvalorizam o trabalho, julgam, apontam dedos, humilham, criticam, comparam tipos de vida… e nada está relacionado com a própria Helena Coelho ou com a capa, mas sim com a falta de amor por elas próprias.
Enquanto ser humano, tenho o dever de respeitar o processo do outro ser, sem julgamentos, sem inveja, sem “oh ela conseguiu porque namora com um PT”, “porque tem uma clínica que ajuda com alimentação de borla”… Errado! Nada disso fez realmente a diferença. A Helena namora com o Paulo, personal trainer, há anos, e com a sua influência poderia ter qualquer clínica de nutrição como patrocinador. O que mudou não foram os recursos mas sim o mindset. E foi isso que determinou ter atingido o seu objetivo com sucesso.
O que mudou não foram os recursos mas sim o mindset
Pessoalmente não desejo ter o corpo da Helena ou como o dela, e sinceramente acho errado e profundamente maldoso connosco mesmas tal desejo. O corpo da Helena, é da Helena e o orgulho mais importante é o dela própria. Devo desejar o meu corpo na sua melhor versão e nunca uma comparação direta com outro corpo que não o meu. Podem dizer que é uma questão de semântica, mas a comparação direta e constante, entre corpos completamente diferentes a nível estrutural nunca será saudável. Nunca. E por isso, nenhuma mulher deve desejar ter o corpo da capa. Deve sim, caso seja o seu desejo e vontade própria, trabalhar para a melhor versão possível do seu corpo, e sobretudo a melhor versão de si no seu todo, mente e corpo, como um ato de amor próprio, estima e saúde.
Eu não desejo ter um corpo como o da Helena, mas desejo sim ser a minha melhor versão, consoante aquilo que acho certo para mim e não segundo o que a sociedade, as marcas, a moda e a publicidade desejam impor. Mas mesmo assim, consigo olhar para a mulher desta capa com orgulho, por ser tão inspiradora e ter cumprido o seu objetivo, exterior e interior, sempre na procura pelo amor próprio, o verdadeiro amor da nossa vida.
Sempre na procura pelo amor próprio, o verdadeiro amor da nossa vida.
É necessário vermos para além da capa, para além das fotografias. Precisamos de nos humanizar e procurar a verdadeira mensagem de amor. E tudo começa quando fazemos as pazes com o nosso corpo, connosco próprias.
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